sexta-feira, 11 de março de 2016

INTRODUÇÃO, MITO E FILOSOFIA ANTIGA I

(Um resuminho com questões que passei em sala de aula. Em breve posto gabarito e alguns comentários)

RESUMO

filosofia é uma junção de duas palavras gregas: philos (amizade, amor..) + sophia (sabedoria."[1]

PLATÃO (428/427 a.C.– 348/347 a.C.) - “Um saber verdadeiro que deve ser usado em benefício dos seres humanos”

ARISTÓTELES (384 a.C. - 322 a.C.) - "A admiração sempre foi, antes como agora, a causa pela qual os homens começaram a filosofar: a princípio, surpreendiam-se com as dificuldades mais comuns; depois, avançando passo a passo, tentavam explicar fenômenos maiores, como, por exemplo, as fases da lua, o curso do sol e dos astros e, finalmente, a formação do universo. Procurar uma explicação e admirar-se é reconhecer-se ignorante."

ESPINOZA (1632-1677) – “a filosofia é um caminho árduo e difícil, mas que pode ser percorrido por todos, se desejarem a liberdade e a felicidade.”

KARL MARX (1818-1883) - “a filosofia havia passado muito tempo apenas contemplando o mundo e que se tratava, agora de conhecê-lo, para transformá-lo, transformação que traria justiça, abundância e felicidade para todos.”

FRIEDRICH NIETZSCHE (1844-1900) - "...filosofia, tal como até agora a entendi e vivi, é a vida voluntária no gelo e nos cumes - a busca de tudo o que é estranho e questionável no existir, de tudo o que a moral até agora baniu."

LUDWIG WITTGENSTEIN (1889-1951) - "Qual o seu objetivo em filosofia? - Mostrar à mosca a saída do vidro."

MAURICE MERLEAU-PONTY (1908-1961) - "A verdadeira filosofia é reaprender a ver o mundo.” “...a filosofia é um despertar para ver e mudar nosso mundo."

A biologia nunca dirá a um biólogo como se deve viver nem se deve, nem mesmo se deve fazer biologia. As ciências humanas nunca dirão o que a humanidade vale, nem o que elas mesmas valem. Por isso é necessário filosofar: porque é necessário refletir sobre o que sabemos, sobre o que vivemos, sobre o que queremos, e porque nenhum saber basta para empreender essa reflexão nem nos dispensa dela.”[2]

"Definição" - é o estudo de problemas fundamentais relacionados à existência, ao conhecimento, à verdade, aos valores morais e estéticos, à mente e à linguagem. Conhecida por           estimular o pensamento lógico e crítico.
Pretende - construir concepções abrangentes de mundo
Ramificações - epistemologia, ontologia, ética, metafísica, filosofia social, filosofia política, estética, lógica.
- A filosofia antiga se estende do século VI aC até o século VI dC, aproximadamente. Pode ser dividida em quatro períodos: Cosmológico[3], antropológico, sistemático e helenístico.

- Fatores que colaboraram para o surgimento do pensamento filosófico na Grécia Antiga[4]: I. intercâmbio com outros povos; II. enfraquecimento dos mitos; III. surgimento da vida urbana; IV. surgimento da política.

-Os principais filósofos pré-socráticos[5] (e suas escolas) foram:
·  Escola Jônica: Tales de Mileto, Anaximenes de Mileto, Anaximandro de Mileto e Heráclito de Éfeso;
·  Escola Itálica: Pitágoras de Samos, Filolau de Crotona e Árquitas de Tarento;
·  Escola Eleática: Xenófanes, Parmênides de Eleia, Zenão de Eleia e Melisso de Samos.
·  Escola da Pluralidade: Empédocles de Agrigento, Anaxágoras de Clazômena, Leucipo de Abdera e Demócrito de Abdera.
·  Escola eclética: Diógenes de Apolônia, Arquelau de Atenas.
(também chamados naturalistas ou filósofos da physis - natureza)

QUESTÕES
01. (ENEM-2015) A filosofia grega parece começar com uma ideia absurda, com a proposição: a água é a origem e a matriz de todas as coisas. Será mesmo necessário deter-nos nela e levá-la a sério? Sim, e por três razões: em primeiro lugar, porque essa proposição enuncia algo sobre a origem das coisas, em segundo lugar, porque o faz sem imagem e fabulação; e enfim, em terceiro lugar, porque nela, embora apenas em estado de crisálida, está contido o pensamento: Tudo é um.
O que, de acordo com Nietzche, caracteriza o surgimento da filosofia entre os gregos?
a) O impulso para transformar, mediante justificativas, os elementos sensíveis em verdades racionais
b) O desejo de explicar, usando metáforas, a origem dos seres e das coisas
c) A necessidade de buscar, de forma racional, a causa primeira das coisas existentes
d) A ambição de expor, de maneira metódica, as diferenças entre as coisas
e) A tentativa de justificar, a partir de elementos empíricos, o que existe no real.

02 - (ENEM-2010) Quando Édipo nasceu, seus pais, Laio e Jocasta, os reis de Tebas, foram informados de uma profecia na qual o filho mataria o pai e se casaria com a mãe. Para evita-la, ordenaram a um criado que matasse o menino. Porém, penalizado com a sorte de Édipo, ele o entregou a um casal de camponeses que morava longe de Tebas para que o criasse. Édipo soube da profecia quando se tornou adulto. Saiu então da casa de seus pais para evitar a tragédia. Eis que, perambulando pelos caminhos da Grécia, encontrou-se com Laio e seu séquito, que, insolentemente, ordenou que saísse da estrada. Édipo reagiu e matou todos os integrantes do grupo, sem saber que entre eles estava seu verdadeiro pai. Continuou a viagem até chegar a Tebas, dominada por uma Esfinge. Ele decifrou o enigma da Esfinge, tornou-se rei de Tebas e casou-se com a rainha, Jocasta, a mãe que desconhecia. Disponível em: http://www.culturabrasil.org. Acesso em 28 ago. 2010 (adaptado).
No mito Édipo Rei, são dignos de destaque os temas do destino e do determinismo. Ambos são características do mito grego e abordam a relação entre liberdade humana e providência divina. A expressão filosófica que toma como pressuposta a tese do determinismo é:
A) "Nasci para satisfazer a grande necessidade que eu tinha de mim mesmo." Jean Paul Sartre
B) "Ter fé é assinar uma folha em branco e deixar que Deus nela escreva o que quiser." Santo Agostinho
C) "Quem não tem medo da vida também não tem medo da morte." Arthur Schopenhauer
D) "Não me pergunte quem sou eu e não me diga para permanecer o mesmo." Michel Foucault
E) "O homem, em seu orgulho, criou a Deus a sua imagem e semelhança." Friedrich Nietzsche

03 - O valor e a utilidade da filosofia têm sido, não raras vezes, postos sob suspeita. Uma visão acerca do filósofo é que ele divaga e se perde em reflexões sobre questões abstratas, que nada têm a ver com o cotidiano das pessoas. Em relação à natureza e à finalidade da filosofia, é correto afirmar que elas consistem
A) em um esforço intelectual, em termos gerais, para se interpretar o mundo e os eventos, compreender o próprio homem e iluminar o agir que dele se espera.
B) em um consenso entre os cientistas, porque, na investigação filosófica, o filósofo não verifica suas hipóteses, baseando-se na observação empírica, e, portanto, a filosofia não contribui para o progresso do conhecimento.
C) na reflexão sobre valores e conceitos, como liberdade e virtude, que faz parte da atividade do filósofo e, nessa medida, a filosofia se apresenta como uma sabedoria prática, que auxilia na orientação da vida moral e política, proporcionando o bem viver.
D) em teorias que se contradizem, ao longo da sua história, pois os filósofos discordam de tudo e uns dos outros, de modo que o pensamento crítico próprio da filosofia é o de pôr em dúvida toda afirmação, jamais chegando a conclusões.
E) no respeito ao mero “pensar” ou do saber viver virtuosamente, segundo os critérios morais dos grandes líderes da humanidade, sendo esse, propriamente dito, o sentido categórico da filosofia.

04. - Em relação ao mito, identifique com V as afirmativas verdadeiras e, com F, as falsas.
( ) Nas sociedades primitivas, o mito nasce do desejo de dominação do mundo, para afugentar o medo e a insegurança.
( ) O homem, à mercê das forças naturais, que são assustadoras, passa a emprestar-lhes qualidades emocionais.
( ) É a primeira forma que o homem utiliza para dar significado ao mundo.
( ) Fundado no desejo de segurança, o mito é uma narrativa que conta histórias que tranquilizam os seres.
( ) Faz parte do desenvolvimento do pensamento reflexivo e do pensamento científico. A alternativa que indica a sequência correta, de cima para baixo, é a A alternativa que indica a sequência correta, de cima para baixo, é a
A) V F V F V            B) F V F V F      C) V F V F F                        D) V V V V F         E) F V F V V

05. (ENEM-2014) Panayiotis Zavos “quebrou” o último tabu da clonagem humana – transferiu embriões para o útero de mulheres, que os gerariam. Esse procedimento é crime em inúmeros países. Aparentemente, o médico possuía um laboratório secreto, no qual fazia seus experimentos. “não tenho nenhuma dúvida que uma criança clonada irá aparecer em breve. Posso não ser eu o médico que irá criá-la, mas vai acontecer”, declarou Zavos. “Se nos esforçarmos, podemos ter um bebê clonado da qui a um ano, ou dois, mas não sei se é o caso. Não sofremos pressão para entregar um bebê clonado ao mundo. Sofremos pressão para entregar um bebê clonado saudável ao mundo”. CONNOR, S. Disponível em : www.independent.co.uk Acesso em: 14 ago. 2012 (adaptado)
A clonagem humana é um importante assunto de reflexão no campo da bioética que, entre outras questões, dedica-se a
A) Refletir sobre as relações entre o conhecimento da vida e os valores éticos do homem.
B) Legitimar o predomínio da espécie humana sobre as demais espécies animais do planeta.
C) Relativizar, no caso da clonagem humana, o uso dos valores de certo e errado, de bem e mal.
D) Legalizar, pelo o uso das técnicas de clonagem, os
 processos de reprodução humana e animal.
E) Fundamentar técnica e economicamente as pesquisas sobre células-tronco para o uso em seres humanos.


06. (ENEM-pll-2014) A mitologia comparada surge no século XVIII. Essa tendência influenciou o escritor cearense José de Alencar, que, inspirado pelo estilo da epopeia homérica na Ilíada, propõe em Iracema uma espécie de mito fundador do povo brasileiro. Assim como a Ilíada vincula a constitui- ção do povo helênico à Guerra de Troia, deflagrada pelo romance proibido de Helena e Páris, Iracema vincula a formação do povo brasileiro aos conflitos entre índios e colonizadores, atravessados pelo amor proibido entre uma índia – Iracema – e o colonizador português Martim Soares Moreno. DETIENNE, M. A invenção da mitologia. Rio de Janeiro: José Olympio, 1998 (adaptado).
A comparação estabelecida entre a Ilíada e Iracema demonstra que essas obras
A) combinam folclore e cultura erudita em seus estilos estéticos.
B) articulam resistência e opressão em seus gêneros literários.
C) associam história e mito em suas construções identitárias.
D) refletem pacifismo e belicismo em suas escolhas ideológicas.
E) traduzem revolta e conformismo em seus padrões alegóricos.

07. (CESPE - 2010 - DPU - Defensor Público) A respeito da filosofia antiga, julgue o próximo item: De acordo com os sofistas, o direito natural não se fundava na natureza racional do homem, mas, sim, na sua natureza passional, instintiva e animal. (__) Certo                        (__) Errado

08. (EDITORA SARAIVA) A cosmologia, tentativa de compreensão racional da natureza, está nas origens da atividade filosófica. Com Parmênides (530-460 a.C.), surge uma nova área do saber filosófico, a ontologia, que é corretamente definida como:
A) o estudo racional das relações entre os objetos naturais na composição mais ampla do cosmos.
B) o estudo do ser humano em sua natureza mais profunda, abandonando-se, então, as preocupações cosmológicas.
C) o estudo do ser, da essência última das coisas.
D)  o conhecimento sistemático da aparência dos seres.

09. (EDITORA SARAIVA) Tales de Mileto é tradicionalmente considerado o primeiro filósofo. Com ele, inaugurava-se um tipo de explicação sobre a origem do mundo, que chamamos cosmologia. É característica principal da cosmologia:
A) a tentativa de explicar racionalmente o surgimento do cosmos, baseando-se nos fenômenos naturais e sem recorrer a supostas ações de forças sobrenaturais.
B) a explicação sobre a origem de mundo a partir das ações combinadas dos deuses cultuados pela religiosidade popular.
C) a aceitação de todas as informações provenientes da tradição cultural na tentativa de justificar as regras sociais.
D) a simples reprodução racional dos conteúdos criacionistas contidos na tradição mitológica oriental.

10. (Fundação Escola Bosque - PA - UNAMA - 2008) Várias condições históricas favoreceram o nascimento da Filosofia na Grécia Antiga. Dentre elas, é correto afirmar:
A) A expansão do império macedônico, o fim da guerra de Tróia e a descentralização do poder político de Atenas.
B) As grandes invenções da época, tais como: a invenção da escrita alfabética, do telescópio e da bússola.
C) As viagens marítimas que colocaram os gregos em contato com os conhecimentos produzidos por outros povos, sobretudo com as culturas mais avançadas do Oriente.
D) Os acontecimentos políticos que introduziram um aspecto novo e decisivo: a participação dos escravos, estrangeiros e mulheres na vida pública.

11. (Unesp 2012)  Aedo e adivinho têm em comum um mesmo dom de “vidência”, privilégio que tiveram de pagar pelo preço dos seus olhos. Cegos para a luz, eles veem o invisível. O deus que os inspira mostra-lhes, em uma espécie de revelação, as realidades que escapam ao olhar humano. Sua visão particular age sobre as partes do tempo inacessíveis às criaturas mortais: o que aconteceu outrora, o que ainda não é.
(Jean-Pierre Vernant. Mito e pensamento entre os gregos, 1990. Adaptado.)
O texto refere-se à cultura grega antiga e menciona, entre outros aspectos,
(A) o papel exercido pelos poetas, responsáveis pela transmissão oral das tradições, dos mitos e da memória.
(B) a prática da feitiçaria, estimulada especialmente nos períodos de seca ou de infertilidade da terra.  
(C) o caráter monoteísta da sociedade, que impedia a difusão dos cultos aos deuses da tradição clássica.
(D) a forma como a história era escrita e lida entre os povos da península balcânica.  
(E) o esforço de diferenciar as cidades-estados e reforçar o isolamento e a autonomia em que viviam.

12. (IFSP 2011)  Comparando-se mito e filosofia, é correto afirmar o seguinte:
(A) A autoridade do mito depende da confiança inspirada pelo narrador, ao passo que a autoridade da filosofia repousa na razão humana, sendo independente da pessoa do filósofo.
(B) Tanto o mito quanto a filosofia se ocupam da explicação de realidades passadas a partir da interação entre forças naturais personalizadas, criando um discurso que se aproxima do da história e se opõe ao da ciência. 
(C) Enquanto a função do mito é fornecer uma explicação parcial da realidade, limitando-se ao universo da cultura grega, a filosofia tem um caráter universal, buscando respostas para as inquietações de todos os homens. 
(D) Mito e filosofia dedicam-se à busca pelas verdades absolutas e são, em essência, faces distintas do mesmo processo de conhecimento que culminou com o desenvolvimento do pensamento científico. 
(E) A filosofia é a negação do mito, pois não aceita contradições ou fabulações, admitindo apenas explicações que possam ser comprovadas pela observação direta ou pela experiência. 

13. (Ueg 2010)  A Grécia foi o berço da filosofia, destacando-se pela presença dos filósofos que pensaram o mundo em que viveram utilizando a ferramenta da razão. O período da história grega e o filósofo que afirmou que “só sei que nada sei” foram respectivamente o
(A) período pós-clássico e Sócrates.
(B) período helenístico e Platão.
(C) período clássico e Sócrates.
(D) período clássico e Platão.

14. (Saraiva - Caderno de Competências) Então Heráclito (c. 535-475 a.C.) acha que as coisas que temos ante nós não são nunca, em nenhum momento, aquilo que são no momento anterior e no momento posterior; que as coisas estão mudando constantemente; que quando nós queremos fixar uma coisa e definir sua consistência, dizer em que consiste esta coisa, ela já não consiste no que consistia um momento antes. MORENTE, M. García. Fundamentos de Filosofia. São Paulo: Mestre Jou, 1967.
[Para Parmênides (c. 510-470 a.C.),] o ser não tem um “passado”, porque o passado é aquilo que não existe mais, nem um “futuro”, que ainda não existe, mas é “presente” eterno, sem início nem fim. Por conseguinte, o ser é também imutável e imóvel, porque tanto a mobilidade quanto a mudança pressupõem um não ser para o qual deveria se mover ou no qual deveria se transformar. REALE, Giovanni; ANTISERI, Dario. História da filosofia. São Paulo: Paulus, 1930. v. 3.
A respeito dessas duas sínteses dos pensamentos dos filósofos gregos Heráclito e Parmênides, é possível afirmar que:
A) são concordantes em que o ser não possui atributos fixos, sendo impossível descrevê-lo.
B) são concordantes em que o ser não se altera ao longo do tempo, existindo eternamente com propriedades fixas.
C) são complementares, uma vez que Parmênides apenas desenvolve o pensamento de Heráclito inscrevendo o não ser como passo fundamental para a existência das coisas.
D) são discordantes em relação à possibilidade de pensar um ser fixo e imutável (Parmênides) e um ser que se transforma continuamente e nunca é o mesmo (Heráclito).
E) são discordantes em relação à existência do passado, que para Heráclito é uma ilusão e para Parmênides, um atributo essencial das coisas.


Busque mais informações sobre o assunto, pesquise, vá atrás, é seu ano, sua história, tire dúvidas conosco, estude muito... transforme essa fagulha de existência em um incêndio de vida... Lembre-se das palavras de Friedrich Nietzsche: "A vida vai ficando cada vez mais dura perto do topo".[6]
                       



[1] Os gregos antigos usavam a palavra philos (ou philia) como sinônimo de ‘gostar de algo’, ‘sentir atração por algo’, ‘nutrir amizade’ ou ‘amor por alguma coisa’. Às vezes, philos também significava ‘sentir falta de’, ‘querer buscar algo’. Sophia quer dizer o conhecimento, a sabedoria. Filosofar é amar, buscar a sabedoria e o conhecimento Dicionário Etimológico, Disponível em www.dicionarioetimologico.com.br/filosofia/
[2] COMTE-SPONVILLE. André. 1952-. Apresentação da filosofia; tradução. Eduardo Brandão. - São Paulo : Martins Fontes. 2002. p. 13
[3] Fase do pensamento filosófico grego conhecida como cosmologia porque seus principais pensadores detinham-se na busca da explicação para todas as coisas no cosmos (do grego, κόσμος - COSMO -="cosmos"/"ordem"/"mundo"/"universo" + -λογία - LOGIA - ="discurso"/"estudo")
[4] "A Filosofia é pluriversal; não faço coro com a leitura hegemônica de que filosofar seja universal e tenha sido uma invenção grega. Neste sentido, não reivindico que os africanos inventaram a Filosofia. Eu advogo que o Egito, desde 2780 antes da Era Comum, tem uma produção filosófica e possuía escolas de rekhet, termo que, segundo o egiptólogo e filósofo Theóphile Obenga, significa “Filosofia”. Não há dúvida de que Platão, Pitágoras e Tales de Mileto, dentre outros gregos, passaram algum tempo no Antigo Egito. Diversas fontes convergem para a tese de que Pitágoras (570-496 A.E.C) foi o primeiro a usar o termo “Filosofia” depois de retornar do Egito. Diógenes de Laércio e Cícero são fontes importantes dessa perspectiva bastante conhecida. Há um discurso crítico que atribuiria aos gregos uma espécie de plágio da Filosofia egípcia. Eu não defendo isso, tampouco a ausência de influência. É óbvio que todas as culturas são dinâmicas. Eu não defendo que os egípcios inventaram a Filosofia, o que eu digo é mais simples: os textos egípcios são filosóficos e mais antigos do que os gregos." (Leia a matéria completa em: Afroperspectividade: por uma filosofia que descoloniza - Geledés http://www.geledes.org.br/afroperspectividade-por-uma-filosofia-que-descoloniza/#ixzz41N3UZYsb)
[5] Sócrates é como um divisor de águas na Filosofia Antiga, tanto que os filósofos anteriores a ele são tradicionalmente chamados de pré-socráticos.
[6]W.R.S.S.

domingo, 10 de janeiro de 2016

Antropologia


 


Algo que achei nos meus arquivos. Feito a partir do livro Manual de antropologia jurídica / Olney Queiroz Assis,. Vitor Frederico Kümpel. — São Paulo : Saraiva, 2011.  e outras fontes.



        1. O CONCEITO DE CULTURA
Não há consenso entre os antropólogos sobre o conceito de cultura, mas segundo alguns, existe inicialmente dos significados básicos. No primeiro, significa formação individual da pessoa humana, e no segundo, conjuntos de obras humanas.
Para Ralph Linton, entende que a cultura de qualquer sociedade consiste na soma total de ideias, reações emocionais. Já Frans Boas, define cultura como totalidade das reações e atividades mentais e físicas que caracterizam o comportamento dos indivíduos que compõe um grupo social. Malinowski coloca que cultura é um composto integral da instituição parcialmente, autônomas e coordenadas que, em seu conjunto, tende a satisfazer toda as necessidades fundamentais do grupo social.
A cultura se refere a costumes, atividades, o comportamento transmitido de uma geração para a outra.
No direito, a cultura está vinculado a este, pois o fenômeno jurídico constitui aspectos da cultura. Na correlação entre valor, fato e norma (Da Teoria Tridimensional da Norma de Miguel Reale) permite entender que o Direito é um sistema aberto que depende de outras ciências.
Cultura é o modo próprio da existência dos seres humanos, e isto nos distingue das outras culturas. São valores humanos. E, o estudo deste fenômeno, é essencial para ciência jurídica. 

2.    O TRABALHO ANTROPOLÓGICO ANTES E DEPOIS DE MALINOVIWSKI
Com o surgimento no século XIX, após a Revolução Industrial e na esteira do expansionismo europeu, a Antropologia é uma resposta necessidade de explicação daquele povo acerca do outro. Eles deparam-se com outros povos, outras culturas, outros costumes. Então, no europeu, surge a necessidade de explicações.
Inicialmente, os antropólogos faziam seus estudos sem o trabalho de campo, com uma visão etnocêntrica, com um ideal de superioridade da própria cultura, que implicava em julgamentos preconceituosos a respeito dos costumes e hábitos das outras culturas, pois estes outros povos, eram avaliados de acordo com padrões culturais, com valores éticos e morais, da forma predominante na Europa daquele século.
O trabalho antropológico teve inicialmente esses problemas, os estudo de outros povos levavam uma carga de preconceito mascarada, vendo como povos primitivos. Privilegiando o Darwinismo Social, que este vai os outros –fora da Europa- como uma sociedade em desenvolvimento, e o apogeu da evolução social, cultural, moral e ética, na sociedade europeia.
O polonês Bronislaw Malinowski surge com um novo método de investigação, a antropologia passa a ter mais o caráter científico. Com uma pesquisa bem elaborada, com observação, pesquisa de campo. Malinowski inicia seus trabalhos na Austrália, inicialmente com os povos de Maiulu, depois com os nativos das ilhas Trobiand. Ele surge com uma pesquisa inovadora, coletando dados de campo, participando daquela cultura, vivendo com aquele povo. A pesquisa social adquiriu caráter envolvente com o objeto da pesquisa a ser estudado, o pesquisador passa a estudar diretamente o objeto estudado, a participar do cotidiano social observado.
Os trabalhos de Malinowski foi de grande importância para Antropologia hoje, considerado o fundador da antropologia social. Mostrando que a cultura deve ser encarada em sua totalidade coerente. Destaco importância dessa visão para o Direito, com diz um amigo meu (um pouco com base no princípio da alteridade): “Quer entender o povo, a favela, a cultura? Não vá buscar respostas nos livros na biblioteca de sua faculdade com ar-condicionado, vá viver na favela, saia dos do seu cercado, do seu mundinho, para realmente compreender os outros”. 

3.    HISTÓRIA DA ANTROPOLOGIA, etnocentrismo e evolucionismo.
Antropologia há poucas décadas conquistou seu espaço como disciplina cientifica. A palavra Antropologia tem origem grega, que quer dizer, estudo do homem. Essa ciência estuda a evolução humana, a cultura, seu objeto de estudo é o homem e a humanidade. Estudando inicialmente as sociedades simples (sociedades arcaicas, simples, “primitivas”) até as mais complexas (sociedades quentes), onde percebemos a demais ciências, como o Direito, de forma mais visível.
A antropologia pode ser vista por vários aspectos. Como Ciência Social, vendo o home como individuo integrante de uma sociedade; Ciência Humana, quando procura conhecer o homem através da história; e Ciência Natural, que procura conhecer o homem por meio de sua evolução, seu patrimônio genético.
Inicialmente, os antropólogos faziam seus estudos e desenvolvia suas pesquisas, sem o trabalho de campo, um estudo feito sobre outras culturas sem o conhecimento da pratica, do real, da convivência. No século XIX, a antropologia passou a privilegiar o Darwinismo Social, que via como apogeu da civilização a cultura europeia, e tinha esse paramento de medidas para as demais culturas.
Evolucionismo Social, a primeira teoria da evolução cultural, onde acreditava-se que a sociedade tem um início, um estado primitivo, e com o passar do tempo elas vão evoluindo, tornando-se civilizadas. As práticas de índios no Brasil foram considerados selvagens, animalescos. A ideia de superioridade da própria cultura implicava em julgamentos preconceituosos de costumes e hábitos de outros povos, o etnocentrismo.
Hoje, ainda está presente o Etnocentrismo, achar que uma visão é, que uma cultura é superior as outras (norte-americanos com sul-americano; quem é do sul do Brasil com quem é do norte e nordeste; ou ainda, quem é do Pará com que é do Maranhão). Negar o etnocentrismo, é posicionar-se contra a atitude que consiste em supervalorizar a própria cultura e considerar as outras como inferiores. O princípio da alteridade, essa visão visa identificar-se como o outro para poder compreendê-lo. Importante ressaltar, como coloca Paul Mercier, o importante trabalho de B. Malinowski, que para desenvolver seu trabalho, passa a viver entre o nativos.

4.    TEORIA ANTROPOLÓGICA DO GEERTZ
O método amplo dado por Tylor, agora passa a ser substituído por uma dimensão menor dado por Geertz ao conceito de cultura, tendo em vista assegurar sua importância permanente. Esse novo conceito tem como objetivo a analises de casos específicos.
Na definição dada por Geertz sobre culturas, ele diz se tratar de um sistema ordenado de símbolos, neste os indivíduos demostra sua história, seu mundo, fazem seus julgamentos, mostram seus costumes.
E cultura também sendo definido como padrão de significados, que são transmitidos de geração em geração, incorporados de formas simbólicas. Outra definição dada por Geertz é a cultura como conjunto de dispositivos simbólicos para o controle de comportamento daquela sociedade. Sendo a cultura um processo simbólico, esta necessita ser estudada, interpretada, traduzida e lidas.
O homem é um ser suspenso por teias que ele próprio teceu. A cultura é essas teias e significados.
A característica principal da cultura humana é a religião. A religião, segundo esse antropólogo, fornece uma observação sobre o mundo como um conjunto de regras para atuar nele, assim como a cultura, porém, a religião faz isso de uma forma mais eficiente. Ela descreve como e prescreve regras morais. A religião é um aspecto cultural, mas também é um ponto privilegiado da cultura, a expressão mais elevada. Os símbolos religiosos mostram um mundo ordenado, estes são aceitos e , formando assim, o estudo da vida. Essa é a tarefa do ritual.
Geertez definiu cultura como um sistema simbólico. O autor mostra a necessidade de estudar, de aprofundar, sobre o significado real de cada símbolo. Apresenta-se então, uma teoria interpretativa da cultura, interpretar a cultura através de estudos do símbolo. O método de Geertz é a etnografia, o etnógrafo se preocupa com o significado dos que as pessoas fazem e com o significado que as pessoas fazem e com significado que elas fazem das ações uma das outras. Ou seja, explicar explicações, interpretar interpretações.

sábado, 26 de dezembro de 2015

Emancipa 2016

Olá, mortais. Segue o informativo do Cursinho Popular Emancipa em Marabá, um cursinho gratuito para alunos de Escola Pública e que não estão em condições de pagar cursinhos preparatórios particular. Ah, é aqui que dou aula de Filosofia também  - 

Inscrições Emancipa 2016

Estaremos realizando as inscrições para o Emancipa 2016 durante o dia 18 à 22 de janeiro de 2016, das 08h às 20h, no Tapiri do Campus I da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará.

A forma de seleção dos alunos será através do sorteio. Neste ano, oferecemos 150 vagas para o Cursinho Popular. As vagas são para alunos provenientes de Escolas Públicas, para quem terminou, ou para quem estar por concluir. 

O cursinho funciona com aulas durante os sábados (manhã e tarde), domingos (manhã) e as vezes nos feriados, 100% gratuito, não sendo possível cobrar qualquer taxa de inscrição ou matrícula, material didático, mensalidade, etc., mantido com ajuda de voluntários, colaboradores e apoio da UNIFESSPA, sendo proibido doações de empresas e partidos políticos.

Serão ministradas aulas preparatórias para o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), contando com as disciplinas de Filosofia, Sociologia, História, Química, Física, Matemática, Língua Portuguesa, Redação, Geografia, Literatura, Biologia e Direitos Humanos, que são ministrados por alunos e professores da universidade, professores da rede pública e particular, professores de cursinhos preparatório, entre outros voluntários das mais diversas formações.  

Em caso de dúvida, entre em contato.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Mitando


Para falar sobre o início da história da filosofia, a sua origem, devemos falar sobre os Mitos (Não, não é sobre o “mito” Chuck Norris que vamos falar, muito menos sobre P.J., a tentativa triste de imitar a magnifica história de Harry Potter). Mais precisamente, iremos falar um pouco a relação filosofia e mito na Grécia.

Uma das primeiras formas de compreender o mundo, o pensamento mítico, é uma tentativa de dar sentido, de conhecer, entender, de chegar a uma verdade, isso através de uma crença. Uma narrativa em busca da compreensão, de sanar os medos que aflige todos nós humanos mortais. A palavra “Mito” tem sua origem Grega, mythos (relato, fábula, conto, ...)[1].  Para que o mito tenha crédito, e seja visto como uma verdade plausível para a explicação do cosmo, dependerá muito de quem o fala, de quem narra. Imaginemos que eu diga a vocês que a terra é uma colônia de humanos em uma espécie de fazenda de formigas, e que estamos aos cuidados de uma espécie de ser em sua fase de existência infantil. Bom, talvez não convença muito, mas, se fosse um ancião, um velhinho com aquele aspecto de sabedoria, talvez iria ter mais credibilidade. O que tento mostra é que não havia um método racional, algo que poderia ser acessado por todos através da razão, ou você acreditava e agora viveria mais tranquilo com a natureza, longe da insegurança e do medo, já que você tinha uma explicação para o universo e tudo mais (42), ou não acreditava. Simples assim.  Mas, e a Filosofia com isso?


A Filosofia surge dessa mesma necessidade, de explicar o mundo, mas ela o faz de forma diferente, ela tenta explicar de forma racional o mundo, de forma lógica, usando apenas a razão, sem intervenção de seres divinos ou cósmicos. É uma saída da doxa (palavra grega que significa “crença”, “opinião comum”...) para uma episteme (outra palavra grega, que significa algo como “ciência”, “saber verdadeiro”, ou, nas palavras de uma certa moça, “inteligência pura!”), a filosofia é a saída da caverna para a luz (Ver - Alegoria da Caverna, Platão), ou, como Parmênides coloca, é sair da “da via da opinião” e ir para o “caminho da verdade”.


Mas, esse surgimento da filosofia no ocidente (sim, no ocidente, pois eu sou da galerinha que não acredita que a filosofia teve um local especifico/único para seu surgimento... [para futuras postagens]) não foi de repente, como um big bang, pois parece que ao contar isso para os alunos, eles acabam por achar que tudo foi como em um passe de magia negra, e o que de fato é um pouco mais complexo, onde, então, houve foi várias situações que contribuíram para o “surgimento”, eu, para esse caso da passagem do mito para a filosofia, destaco a interação entre os povos daquela região (mas, recomendo, que você pesquise mais um pouco sobre o Milagre Grego.), onde a interação grega com outros povos, contribui para que alguns fossem em busca de outras verdades, já que as anteriores pareciam não ser mais tão satisfatórias e acalentadoras.  Imagine que você é um ser apaixonado e o outros ser, motivo de tal paixão, informa que na sexta passada estava doente em casa. Ok? Certo. Você acredita loucamente nessa pessoa, é uma verdade indiscutível, todavia, chega aos seus ouvidos que na sexta, sua paixão na verdade estava em um Reggae. E então? Fica no mundo da doxa ou corre para busca da episteme. Com certeza, grande parte iria tentar ir atrás da versão mais concreta da história. A filosofia também surge assim, dessa curiosidade para descobrir a verdade, mesmo que as vezes não possamos suportar tal verdade (Chora, míZera!* ).


É melhor viver filosofando do que iludido nessa mízera!


Bom, deixo alguns devaneios para vocês e dois fragmentos interessantes (ah, e depois posto algumas questões com comentários) -  


I. Vivemos ainda acreditando em muitos “mitos”? Será que ainda nos prendemos em algumas ideias apenas pelo medo da verdade? Existe verdades absolutas?


II. As redes sociais estão cheias de doxas e será que compartilhamos muitas delas sem ter nenhum tipo de olha crítico (filosófico)?


III.

A tendência comum nos dias atuais de interpretar a palavra "mito" como significando "inverdade" é quase com certeza um sintoma da incredibilidade e conseqüente ineficácia de nossos próprios ensinamentos míticos ultrapassados, tanto os do Velho quanto do Novo Testamento: a Queda de Adão e Eva, os Mandamentos, as Chamas do Inferno, o Segundo Advento do Salvador etc., e não apenas desses Testamentos religiosos arcaicos, mas também dos vários, mais modernos, e seculares "utopiatos" (vamos chamá-los assim) que estão sendo oferecidos para substituí-los.

Mitos vivos não são idéias equivocadas e não nascem em livros. Não devem ser julgados como verdadeiros ou falsos, mas como eficazes ou ineficazes, salutares ou patogênicos.

Assemelham-se mais a enzimas, produtos do corpo no qual agem, ou de grupos sociais homogêneos, caso em que são produtos do corpo social.

Não são inventados, surgem, e são reconhecidos por videntes e poetas para serem em seguida cultivados e usados como catalisadores de bem-estar espiritual (i.e., psicológico). E, por último, não sobreviverá a mitologia velha e tardia, nem a inventada ou falsa, e tampouco os sacerdotes e sociólogos que tomam o lugar do poeta-vidente — o que, contudo, é o que todos nós somos em nossos sonhos, embora, quando acordamos, possamos falar apenas em prosa.

"Da mesma forma que aqueles que não conhecem o lugar", lemos no Chandogya Upanishad, "podem passar e repassar sobre o tesouro oculto de ouro sem descobri-lo, assim todas as criaturas andam, dia após dia, neste mundo incondicionado de ser-consciência-beatitude sem descobri-lo, porque desviadas por falsos pensamentos." Extraido do livro “O VOO DO PÁSSARO SELVAGEM - ENSAIO SOBRE A UNIVERSALIDADE DOS MITOS”, de Joseph Campbell, Ed Rosa dos Tempos, 1997.



IV.

“Um conhecido homem de ciência (segundo as más línguas, Bertrand Russel) deu uma vez uma conferência sobre astronomia. Descreveu como a Terra orbita em volta do Sol e como o Sol, por sua vez, orbita em redor do centro de um vasto conjunto de Estrêlas que constitui a nossa galáxia (1). No fim da conferência, uma velhinha, no fundo da sala, levantou-se e disse: "O que o senhor nos disse é um disparate. O mundo não passa de um prato achatado equilibrado nas costas de uma tartaruga gigante." O cientista sorriu com ar superior e retorquiu com outra pergunta: "E onde se apóia a tartaruga?" A velhinha então exclamou: "Você é um jovem muito inteligente, mas são tudo tartarugas por aí abaixo!"

A maior parte das pessoas acharia bastante ridícula a imagem do Universo como uma torre infinita de tartarugas. Mas o que nos leva a concluir que sabemos mais? Que sabemos ao certo sobre o Universo e como atingimos esse conhecimento? De onde veio e para onde vai? Teve um princípio e, nesse caso, que aconteceu antes dele? Qual é a natureza do tempo? Acabará alguma vez?” (Stephen W. Hawking in Uma Breve História do Tempo)


[1] Wiktionary contributors, "mythos," Wiktionary, The Free Dictionary, https://en.wiktionary.org/w/index.php?title=mythos&oldid=34173148 (accessed September 5, 2015).
*mísera 


Até logo, mortais.