domingo, 10 de janeiro de 2016

Antropologia


 


Algo que achei nos meus arquivos. Feito a partir do livro Manual de antropologia jurídica / Olney Queiroz Assis,. Vitor Frederico Kümpel. — São Paulo : Saraiva, 2011.  e outras fontes.



        1. O CONCEITO DE CULTURA
Não há consenso entre os antropólogos sobre o conceito de cultura, mas segundo alguns, existe inicialmente dos significados básicos. No primeiro, significa formação individual da pessoa humana, e no segundo, conjuntos de obras humanas.
Para Ralph Linton, entende que a cultura de qualquer sociedade consiste na soma total de ideias, reações emocionais. Já Frans Boas, define cultura como totalidade das reações e atividades mentais e físicas que caracterizam o comportamento dos indivíduos que compõe um grupo social. Malinowski coloca que cultura é um composto integral da instituição parcialmente, autônomas e coordenadas que, em seu conjunto, tende a satisfazer toda as necessidades fundamentais do grupo social.
A cultura se refere a costumes, atividades, o comportamento transmitido de uma geração para a outra.
No direito, a cultura está vinculado a este, pois o fenômeno jurídico constitui aspectos da cultura. Na correlação entre valor, fato e norma (Da Teoria Tridimensional da Norma de Miguel Reale) permite entender que o Direito é um sistema aberto que depende de outras ciências.
Cultura é o modo próprio da existência dos seres humanos, e isto nos distingue das outras culturas. São valores humanos. E, o estudo deste fenômeno, é essencial para ciência jurídica. 

2.    O TRABALHO ANTROPOLÓGICO ANTES E DEPOIS DE MALINOVIWSKI
Com o surgimento no século XIX, após a Revolução Industrial e na esteira do expansionismo europeu, a Antropologia é uma resposta necessidade de explicação daquele povo acerca do outro. Eles deparam-se com outros povos, outras culturas, outros costumes. Então, no europeu, surge a necessidade de explicações.
Inicialmente, os antropólogos faziam seus estudos sem o trabalho de campo, com uma visão etnocêntrica, com um ideal de superioridade da própria cultura, que implicava em julgamentos preconceituosos a respeito dos costumes e hábitos das outras culturas, pois estes outros povos, eram avaliados de acordo com padrões culturais, com valores éticos e morais, da forma predominante na Europa daquele século.
O trabalho antropológico teve inicialmente esses problemas, os estudo de outros povos levavam uma carga de preconceito mascarada, vendo como povos primitivos. Privilegiando o Darwinismo Social, que este vai os outros –fora da Europa- como uma sociedade em desenvolvimento, e o apogeu da evolução social, cultural, moral e ética, na sociedade europeia.
O polonês Bronislaw Malinowski surge com um novo método de investigação, a antropologia passa a ter mais o caráter científico. Com uma pesquisa bem elaborada, com observação, pesquisa de campo. Malinowski inicia seus trabalhos na Austrália, inicialmente com os povos de Maiulu, depois com os nativos das ilhas Trobiand. Ele surge com uma pesquisa inovadora, coletando dados de campo, participando daquela cultura, vivendo com aquele povo. A pesquisa social adquiriu caráter envolvente com o objeto da pesquisa a ser estudado, o pesquisador passa a estudar diretamente o objeto estudado, a participar do cotidiano social observado.
Os trabalhos de Malinowski foi de grande importância para Antropologia hoje, considerado o fundador da antropologia social. Mostrando que a cultura deve ser encarada em sua totalidade coerente. Destaco importância dessa visão para o Direito, com diz um amigo meu (um pouco com base no princípio da alteridade): “Quer entender o povo, a favela, a cultura? Não vá buscar respostas nos livros na biblioteca de sua faculdade com ar-condicionado, vá viver na favela, saia dos do seu cercado, do seu mundinho, para realmente compreender os outros”. 

3.    HISTÓRIA DA ANTROPOLOGIA, etnocentrismo e evolucionismo.
Antropologia há poucas décadas conquistou seu espaço como disciplina cientifica. A palavra Antropologia tem origem grega, que quer dizer, estudo do homem. Essa ciência estuda a evolução humana, a cultura, seu objeto de estudo é o homem e a humanidade. Estudando inicialmente as sociedades simples (sociedades arcaicas, simples, “primitivas”) até as mais complexas (sociedades quentes), onde percebemos a demais ciências, como o Direito, de forma mais visível.
A antropologia pode ser vista por vários aspectos. Como Ciência Social, vendo o home como individuo integrante de uma sociedade; Ciência Humana, quando procura conhecer o homem através da história; e Ciência Natural, que procura conhecer o homem por meio de sua evolução, seu patrimônio genético.
Inicialmente, os antropólogos faziam seus estudos e desenvolvia suas pesquisas, sem o trabalho de campo, um estudo feito sobre outras culturas sem o conhecimento da pratica, do real, da convivência. No século XIX, a antropologia passou a privilegiar o Darwinismo Social, que via como apogeu da civilização a cultura europeia, e tinha esse paramento de medidas para as demais culturas.
Evolucionismo Social, a primeira teoria da evolução cultural, onde acreditava-se que a sociedade tem um início, um estado primitivo, e com o passar do tempo elas vão evoluindo, tornando-se civilizadas. As práticas de índios no Brasil foram considerados selvagens, animalescos. A ideia de superioridade da própria cultura implicava em julgamentos preconceituosos de costumes e hábitos de outros povos, o etnocentrismo.
Hoje, ainda está presente o Etnocentrismo, achar que uma visão é, que uma cultura é superior as outras (norte-americanos com sul-americano; quem é do sul do Brasil com quem é do norte e nordeste; ou ainda, quem é do Pará com que é do Maranhão). Negar o etnocentrismo, é posicionar-se contra a atitude que consiste em supervalorizar a própria cultura e considerar as outras como inferiores. O princípio da alteridade, essa visão visa identificar-se como o outro para poder compreendê-lo. Importante ressaltar, como coloca Paul Mercier, o importante trabalho de B. Malinowski, que para desenvolver seu trabalho, passa a viver entre o nativos.

4.    TEORIA ANTROPOLÓGICA DO GEERTZ
O método amplo dado por Tylor, agora passa a ser substituído por uma dimensão menor dado por Geertz ao conceito de cultura, tendo em vista assegurar sua importância permanente. Esse novo conceito tem como objetivo a analises de casos específicos.
Na definição dada por Geertz sobre culturas, ele diz se tratar de um sistema ordenado de símbolos, neste os indivíduos demostra sua história, seu mundo, fazem seus julgamentos, mostram seus costumes.
E cultura também sendo definido como padrão de significados, que são transmitidos de geração em geração, incorporados de formas simbólicas. Outra definição dada por Geertz é a cultura como conjunto de dispositivos simbólicos para o controle de comportamento daquela sociedade. Sendo a cultura um processo simbólico, esta necessita ser estudada, interpretada, traduzida e lidas.
O homem é um ser suspenso por teias que ele próprio teceu. A cultura é essas teias e significados.
A característica principal da cultura humana é a religião. A religião, segundo esse antropólogo, fornece uma observação sobre o mundo como um conjunto de regras para atuar nele, assim como a cultura, porém, a religião faz isso de uma forma mais eficiente. Ela descreve como e prescreve regras morais. A religião é um aspecto cultural, mas também é um ponto privilegiado da cultura, a expressão mais elevada. Os símbolos religiosos mostram um mundo ordenado, estes são aceitos e , formando assim, o estudo da vida. Essa é a tarefa do ritual.
Geertez definiu cultura como um sistema simbólico. O autor mostra a necessidade de estudar, de aprofundar, sobre o significado real de cada símbolo. Apresenta-se então, uma teoria interpretativa da cultura, interpretar a cultura através de estudos do símbolo. O método de Geertz é a etnografia, o etnógrafo se preocupa com o significado dos que as pessoas fazem e com o significado que as pessoas fazem e com significado que elas fazem das ações uma das outras. Ou seja, explicar explicações, interpretar interpretações.

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